Principal referência para investimentos em países emergentes, índice do Morgan Stanley vai incorporar ações de empresas brasileiras listados no exterior


Nubank, Stone, XP e Banco Inter passam a fazer parte do MSCI Brazil — Foto: Infoglobo, Stone e XP

Porto Velho, Rondônia -
A partir desta segunda-feira uma mudança importante no MSCI pode dar um impulso extra às ações de várias empresas brasileiras. O índice MSCI Brazil vai incluir, na sua composição, ações de empresas brasileiras listadas em Bolsas no exterior.

Os índices MSCI – sigla para Morgan Stanley Capital International – são a principal referência para investidores globais que aplicam em Bolsas de Valores do mundo inteiro há décadas. Foram criados em 1969 e desde então se tornaram um parâmetro para o mercado de ações.

Com a adição desses papéis listados no exterior, a expectativa de estrategistas do Morgan Stanley é que sejam destravados quase US$ 5 bilhões em fluxos de investimentos globais para essas ações. Isso ocorre porque muitas carteiras de fundos usam o MSCI como benchmark - ou seja, investem em ações proporcionalmente à participação de cada empresa no índice.

O MSCI divulgou qual será a composição de seu índice de Brasil a partir desta segunda-feira. O Nu Holdings (holding do Nubank), as empresas de “maquininhas” Stone e PagSeguro, além da XP e do banco Inter, são ações listadas no exterior que vão integrar o MSCI Brasil.

Na composição do índice, ações da Embraer, que são negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), também serão incluídas. Por outro lado, os papéis da Eneva e das Lojas Renner deixarão o MSCI Brasil.

O índice leva em consideração, para incluir e retirar ações, o volume de negócios com esses papéis, a volatilidade, o tamanho das empresas, entre outros fatores.

Antes do índice começar a valer, com o novo arranjo, a maioria das novas ações fechou a sexta-feira já com apetite dos investidores.

Listadas em Nova York, os papéis da Nubank fecharam na sexta-feira passada em alta de 5,2%, a US$ 14,97; as do Banco Inter ampliaram 1,38%, aos US$ 7,35; as da Stone subiram 0,53%, aos US$ 13,26 e as da PagSeguro encerram em alta de 3,17%, aos US$ 11,07. Só as ações da XP fecharam no negativo, caindo 0,86%, aos US$ 18,41.

A Embraer, que também "entrou" na balança do índice acionário e é negociada na B3, encerrou as negociações de sexta em alta de 1,06%, aos R$ 46,83.

Para Eduardo Grübler, analista de multimercados da AWM, a asset da Warren, a mudança faz com que diversos investidores comprem as ações, porque se baseiam no índice, podendo elevar o apetite pelos papéis:

— Uma mudança como essa faz muitos agentes rebalancearem as carteiras. A alteração é relevante porque temos muito capital que é investido passivamente, espelhando os índices. Se muda o índice, há vários fundos e endowments soberanos que são "obrigados" a comprar nesses ativos.

Para ele, o rebalanceamento do índice pode também causar uma atratividade maior para ações no Brasil como um todo, e não só as que compõem o MSCI.

Desde a terceira semana de agosto, o Ibovespa vem renovando suas máximas históricas. A última foi na quarta-feira passada, dia 18, após a nomeação de Gabriel Galípolo como indicado do governo para comandar o Banco Central a partir de 2025. Naquele dia, o principal índice da bolsa encerrou acima dos 137 mil pontos.

O Nubank também integrará o MSCI de Mercados Emergentes, que passará a incorporar outras grandes empresas, como a chinesa Huaneng Lancang River Hydropower e a Adnoc Drilling Company, dos Emirados Árabes Unidos.


Fonte: O GLOBO