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Apenas 47 países confirmam presença na COP30; ONU pressiona Brasil por subsídios de hospedagem

COP 30, em Belém: Construção do Parque Linear da Doca. — Foto: Reprodução/Raphael Luz / Ag. Pará

Porto Velho, Rondônia - A menos de 80 dias para o início da COP30, que será realizada em Belém (PA), apenas 47 dos 196 países convidados confirmaram presença no evento climático mais importante do mundo. O baixo índice de confirmações está diretamente ligado ao alto custo das hospedagens na capital paraense, que gerou pressões internacionais e um impasse entre a Organização das Nações Unidas (ONU) e o governo brasileiro.
Impasse sobre custos

Na reunião desta sexta-feira (22), em Nova Iorque, a ONU pediu que o Brasil assumisse parte dos custos de hospedagem das delegações de países em desenvolvimento. O governo, porém, recusou a proposta, alegando já ter feito investimentos significativos para a realização da conferência.

Atualmente, o subsídio pago pela ONU é de US$ 140 por dia, valor que cobre hospedagem e alimentação. No entanto, segundo a plataforma oficial disponibilizada pelo governo brasileiro, a diária mais barata em Belém está em torno de US$ 350 (cerca de R$ 1,9 mil), valor considerado inviável para dezenas de delegações.

A Casa Civil e a Secretaria Extraordinária para a COP30 (Secop) reforçaram que a responsabilidade pelo aumento dos repasses cabe à ONU, já que custos em outras capitais, como São Paulo ou Rio de Janeiro, seriam ainda mais elevados.
Países confirmados

Dos 47 países que já garantiram hospedagem, 39 utilizaram a plataforma oficial do governo federal, enquanto outros oito negociaram diretamente com hotéis: Egito, Espanha, Portugal, República Democrática do Congo, Singapura, Arábia Saudita, Japão e Noruega.

Segundo o secretário extraordinário Valter Correia, há 33 mil quartos disponíveis em Belém, número superior aos 24 mil solicitados pela ONU. O desafio, entretanto, é compatibilizar os preços ao orçamento das delegações. “O problema não é a quantidade de vagas, mas sim trazer os valores a patamares compatíveis com o poder aquisitivo dos países participantes”, afirmou.
Tentativas de negociação

A secretária executiva da Casa Civil, Miriam Belchior, destacou que o governo federal já tentou intermediar um termo de ajustamento de conduta (TAC) com o setor hoteleiro, para limitar os preços ao patamar cobrado no período do Círio de Nazaré — em média três vezes o valor normal. Contudo, as negociações não avançaram.

“Vivemos em uma democracia, temos limites de intervenção no setor privado. Seguimos negociando para reduzir os preços e tornar a COP viável para todos os países”, declarou Belchior.

Apesar da resistência em utilizar recursos públicos, o governo brasileiro estuda alternativas para viabilizar subsídios complementares, com apoio de parceiros internacionais e organizações não governamentais.

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