
Porto Velho, RO - A contundência das palavras e do tratamento em relação a Pedro reforça um Filipe Luís no modo linha dura como técnico do Flamengo.
Mensagens diretas, sem rodeios, cobranças que antes eram internas e passaram a ser públicas, além de decisões que afetam jogadores "caros" ou astros do elenco fazem parte do repertório de um treinador ainda iniciante. Mas que já venceu três títulos com o Flamengo.
Filipe Luís é discípulo de dois técnicos conhecidos pelas posições fortes na condução do grupo de jogadores: Jorge Jesus e Diego Simeone.
Com o argentino, foram anos de trabalho no Atlético de Madri. Com o português, uma relação rápida, avassaladora e marcante no melhor Flamengo de anos recentes.
O EXEMPLO DE JESUS
O que Filipe viu em Jesus? Um técnico que não liga para dar broncas do tipo "tá mal, Arão". Também teve um "F...-se, com 70 anos eu ainda jogo no seu lugar! Tá caminhando?" para Rodinei. Sem contar uma discussão com Rafinha que o próprio Filipe já mencionou em entrevista ao Charla Podcast: Ele ganhava muito o respeito do grupo porque ele não fazia distinção de nomes. Ele falava igual com todo o mundo. Ganhou o grupo com Rafinha. Ele queria que o Rafinha fizesse alguma coisa e não estava fazendo. E ele falou: 'O que você fez ficou para trás, aqui você tem que fazer o que eu mando'. Rafinha entendeu aquele momento, obedeceu. Os meninos falaram: 'Opa, com ele não dá. Ele cobra todo mundo'.
Na versão treinador, Filipe tem repetido alguns desses princípios. A própria entrevista sobre Pedro tem alguns de forma explícita.
O primeiro ponto já é confrontar um atacante que já disputou Copa do Mundo.
"Ninguém vive de passado, o futebol se conquista diariamente", disse Filipe, sobre Pedro.
A LIÇÃO DE SIMEONE
A própria questão da "cultura de treino", de dedicação extrema no cotidiano, é um mandamento que Jesus, Simeone e Filipe compartilham.
"Não vejo outra forma de viver a vida, senão dar o melhor. Eu transmito para os meus jogadores que não permito que eles relaxem. É a cultura de treino que eu aprendi com o Simeone. Ele transformou minha vida. E eu transmito isso", disse Filipe em novembro de 2024, elogiando o desempenho dos jogadores durante os treinos na data Fifa.
Essa relação entre Filipe e os jogadores era um aspecto que gerava curiosidade quando ele migrou do campo para o banco de reservas.
Ele passou a ter como comandados jogadores com os quais dividiu o vestiário, comemorou títulos e lamentou fracassos. Pedro é um deles.
Para mostrar tratamento igualitário, o técnico já disse mais de uma vez: "Não dou nada de graça a ninguém".
"Não consigo ser justo com todo o mundo, mas a maioria dos jogadores que falaram no campo ganharam a vaga", afirmou o treinador no sábado, referindo-se ao espaço que Plata e Luiz Araújo ganharam no time ao longo do ano.
Nas coletivas, Filipe é um cara que dá poucos rodeios. Principalmente se for comparado ao discurso mais calculado, polido ou "escapista" do antecessor Tite.
O técnico já foi explícito sobre situações envolvendo outros jogadores, como Alcaraz. Só que naquela vez, o dedo foi apontado para si mesmo.
"Eu sinto que foi um fracasso meu o Alcaraz ter saído, não ter dado certo na minha mão. Pelo investimento que foi feito, era uma preocupação que eu tinha."
Filipe também já foi direto e reto a respeito de Lorran.
"Tem jogadores que estão melhores que os outros. E eu não vou colocar um jogador que não está bem e tirar um que está voando."
Gabigol chegou a ser afastado na reta final de 2024, mas por uma decisão da diretoria, após dizer que não renovaria contrato e deixaria o Flamengo ainda no gramado após a conquista da Copa do Brasil.
Com Pedro, veio a maior crise de relacionamento desde que Filipe Luís assumiu o time. nesta quarta-feira (16), contra o Santos, mais um jogo em que o atacante nem no banco ficará. O técnico mantém a posição, inconformado com o comportamento que, nas palavras dele, "beirou o ridículo".
Fonte: Notícias ao Minuto
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