
Botafogo flertou com o perigo, mas eliminou Palmeiras na Libertadores — Foto: NELSON ALMEIDA / AFP
Porto Velho, Rondônia - O empate do Botafogo com o Palmeiras, por 2 a 2, que classificou o time às quartas de final da Libertadores, encheu o torcedor de alívio ao final do jogo no Allianz Parque. Ao mesmo tempo, acendeu-se certo sinal de alerta pelos dois gols sofridos após os 40 minutos do segundo tempo, que quase transformaram uma vitória inquestionável em uma virada trágica. Porém, o histórico da equipe de Artur Jorge mostra que ainda não há o que se preocupar neste momento, olhando para a sequência da temporada, e que uma partida de tamanho nervosismo apresentou um cenário muito específico.
A necessidade de apontar para o lado psicológico do time se tornou lugar comum, desde que se tornaram urgentes as explicações para a perda do título do Brasileirão do ano passado, mas o resultado de quarta-feira não pode esconder que o alvinegro do treinador português é uma equipe que sofre pouco. Em 34 jogos, essa foi a primeira vez que o time levou um empate nos minutos finais. Por exemplo, a dupla de zaga Bastos e Alexander Barboza tem sido um forte pilar para isso.
Explicam-se então os momentos derradeiros do último jogo: o gol de Flaco López, que transformou um 2 a 0 tranquilo em um pandemônio — Rony empatou, e Gustavo Gómez teve bola na rede anulada —, surgiu de uma sucessão de erros defensivos e, em especial, de Tiquinho Soares, que não acompanhou o atacante em uma falta cobrada na área por Gabriel Menino, tendo sido levado por uma jogada também muito bem executada pelo Palmeiras. O goleiro John ainda saiu mal na jogada. A partir dali, misturaram-se o cansaço físico e mental.
— Há uma fragilidade nessa bola aérea, mas os times em geral, no Brasileirão, mostram essa dificuldade — explica o analista tático Guilherme Dias, dono do perfil Tática Alvinegra. — Houve alguns movimentos de falha, mas também houve um acaso envolvido. Claro que há mérito do Palmeiras. Mas acho que foi algo um pouco mais circunstancial.
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O Botafogo costuma ser uma equipe forte na bola aérea ofensiva — Bastos marcou três gols no Brasileirão — e devidamente sólida na proteção. Só que o Palmeiras tem uma forma muito particular de atacar nesses tipos de jogada, recheando a grande área. E, de tanto tentar, acaba conseguindo encontrar gols. Muitas equipes no país pautam sua estratégia nas jogadas por cima. Mesmo tardia, a primeira bola na rede desencadeou problemas.
— O segundo e o terceiro gols são muito mais uma sorte envolvida. Faz parte de futebol, mas é muito mais difícil de você neutralizar e controlar. Então, foge um pouco do parâmetro — analisa Dias. — Chega um determinado momento do jogo que o Palmeiras fez dois gols, já tinha feito uma virada dessas contra o Botafogo — o 4 a 3, em 2023 —, e aí passa tudo pela cabeça dos jogadores. Qualquer um que falar que não pensou nisso, está mentindo, assim como todos os torcedores e os jogadores do Palmeiras pensaram.
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Além disso, foi muito relevante o fator físico, para além de Luiz Henrique, substituído no intervalo com dores na panturrilha. A sequência de três jogos altamente intensos e decisivos — dois contra o Palmeiras, pela Libertadores, e o clássico contra o Flamengo, pelo Brasileirão — custou alto fisicamente, e deixou jogadores exaustos ao final da partida.
Conhecidamente, a zaga precisa de mais opções, pois Lucas Halter apresenta um futebol questionado, e quem entrou na quarta foi o volante Danilo Barbosa, que perdeu o posto de titular para Gregore e não vive o melhor ritmo. Com esses desajustes, o Botafogo se desatentou, permitiu que Rony ficasse sozinho nas costas de Mateo Ponte, e aproveitasse uma segunda bola para empatar o jogo.
Na sequência, o lance que permite a Gómez virar a partida — gol anulado — acontece com ele atraindo atenção da defesa, dando espaço para Lázaro e Menino chutarem contra marcadores já muito retraídos, e depois vendo a bola sobrar. Desventuras defensivas em série fizeram o Botafogo ser quase eliminado por um Palmeiras muito insistente, mas que viu um adversário se perder, assim contar com a sorte. Nas quartas de final, o alvinegro enfrentará o São Paulo.
Fonte: O GLOBO
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