Diretor Nelson Barbos diz que os primeiros estudos mostram que o custo da reconstrução do RS pode ser de R$ 70 bilhões a R$ 100 bilhões ao longo de 10 a 15 anos.
Porto Velho, Rondônia - Quanto custará reconstruir o Rio Grande do Sul? Ninguém sabe ao certo, mas o diretor de planejamento do BNDES, Nelson Barbosa, diz que os primeiros estudos mostram que o custo pode ser de R$ 70 bilhões a R$ 100 bilhões ao longo de 10 a 15 anos.
Com o risco de novos eventos extremos em outras partes do país, é preciso pensar na emergência climática de forma mais geral. O BNDES está estruturando uma linha de crédito para empresas e setor público gaúchos, mas ao mesmo tempo tem estudos e iniciativas com o Ministério do Meio Ambiente para medidas de mitigação, adaptação e também para perdas e danos, que é o caso agora em relação ao Rio Grande do Sul.
— A gente segue o padrão da ONU e pensa em investimentos para mitigar, ou seja, reduzir as emissões. Em seguida adaptação, que é preparar a sociedade para viver com temperaturas mais altas, que envolve mudanças na infraestrutura e, por fim, tem o gasto pós-evento extremo, que é o de perdas e danos.
— A gente segue o padrão da ONU e pensa em investimentos para mitigar, ou seja, reduzir as emissões. Em seguida adaptação, que é preparar a sociedade para viver com temperaturas mais altas, que envolve mudanças na infraestrutura e, por fim, tem o gasto pós-evento extremo, que é o de perdas e danos.
Hoje, no Brasil, temos um instrumento bem desenhado para lidar com mitigação e adaptação, que é o Fundo Clima, criado pelo presidente Lula e que, no ano passado, teve uma capitalização de R$ 10 bilhões. O BNDES administra. Nós já temos pedidos protocolados para o Fundo Clima que dão expectativa de desembolso de R$ 30 bilhões até 2026 — explicou o diretor Nelson Barbosa, em entrevista que me concedeu na GloboNews.
É necessário pensar em muitos instrumentos mais. Um deles tem a ver com o mercado de vendas de crédito de carbono. Ainda não há um mercado regulado, mas no mercado voluntário existem oportunidades, explicou Barbosa. Um estudo feito pelo BNDES mostrou o enorme potencial que o Brasil tem na Amazônia de vendas de crédito de carbono.
É necessário pensar em muitos instrumentos mais. Um deles tem a ver com o mercado de vendas de crédito de carbono. Ainda não há um mercado regulado, mas no mercado voluntário existem oportunidades, explicou Barbosa. Um estudo feito pelo BNDES mostrou o enorme potencial que o Brasil tem na Amazônia de vendas de crédito de carbono.
Eles pegaram apenas áreas federais na Amazônia, calcularam o desmatamento dos últimos dez anos e projetaram a continuidade desse processo. Se a floresta for mantida em pé, quanto se tem de desmatamento evitado. E aí se computou a venda desses créditos. Depois foram analisadas as áreas degradadas em terra pública, e se calculou a restauração. Nesse caso, se teria um crédito até mais valorizado no mercado.
— Fazendo todo esse levantamento chegamos a um potencial de 32 milhões de crédito de carbono por ano. Isso pode gerar uma receita, dependendo do preço, de R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões por ano — disse Barbosa.
Para dar uma ideia de quanto o país perde de oportunidade, Nelson Barbosa me mostrou, depois da entrevista, estudos comparativos. O Brasil foi o terceiro em emissão de crédito de carbono por desmatamento evitado (REDD+) em 2022, perdendo para a Indonésia e o Peru. Mas, impressionante mesmo, é a emissão de crédito por restauração (ARR). O Brasil é o décimo primeiro. Os primeiros lugares ficam com Uruguai, China e Estados Unidos. Na América Latina, ainda perdemos para o México e o Chile.
Em breve será lançado o projeto para a concessão da Floresta de Bom Futuro em Rondônia, em que o concessionário poderá também vender crédito de carbono na proteção e na restauração, até porque a floresta nacional tem área grande já desmatada. Ao todo existem florestas em estudo para a concessão que representam uma área do tamanho de Portugal. Outro caminho é o arco da restauração.
— Hoje a diretora Tereza Campello, junto com o Ministério do Meio Ambiente, estão anunciando os primeiros projetos de restauração financiados pelo Fundo Amazônia. Esse arco irá do Maranhão ao Sul do Pará, até Rondônia e Acre. Queremos criar a nossa versão do Great Green Wall.
Mas tudo tem que ser ao mesmo tempo. Enquanto se constroem mecanismos para restaurar a floresta ou evitar o desmatamento — nossa principal fonte de emissão — é preciso reconstruir o Rio Grande do Sul, assim que o estado sair da situação emergencial.
Empresários querem financiamentos, mas não têm garantias, porque perderam máquinas, equipamentos, a própria empresa, e em geral, têm funcionários desabrigados. Como dar garantia numa situação assim? É por isso que foi feito o aporte no Fundo Garantidor. Mas agora estão sendo montadas linhas de crédito para empréstimos para empresas gaúchas, ou financiamento do setor público que terá que refazer escolas, hospitais, estradas.
Quanto custará tudo isso? Muito mais do que teria custado investir em prevenção. Quem investe hoje no combate à mudança climática, em todas as áreas, economiza um gasto muito maior no futuro.
(Com Ana Carolina Diniz)
Fonte: O GLOBO
— Fazendo todo esse levantamento chegamos a um potencial de 32 milhões de crédito de carbono por ano. Isso pode gerar uma receita, dependendo do preço, de R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões por ano — disse Barbosa.
Para dar uma ideia de quanto o país perde de oportunidade, Nelson Barbosa me mostrou, depois da entrevista, estudos comparativos. O Brasil foi o terceiro em emissão de crédito de carbono por desmatamento evitado (REDD+) em 2022, perdendo para a Indonésia e o Peru. Mas, impressionante mesmo, é a emissão de crédito por restauração (ARR). O Brasil é o décimo primeiro. Os primeiros lugares ficam com Uruguai, China e Estados Unidos. Na América Latina, ainda perdemos para o México e o Chile.
Em breve será lançado o projeto para a concessão da Floresta de Bom Futuro em Rondônia, em que o concessionário poderá também vender crédito de carbono na proteção e na restauração, até porque a floresta nacional tem área grande já desmatada. Ao todo existem florestas em estudo para a concessão que representam uma área do tamanho de Portugal. Outro caminho é o arco da restauração.
— Hoje a diretora Tereza Campello, junto com o Ministério do Meio Ambiente, estão anunciando os primeiros projetos de restauração financiados pelo Fundo Amazônia. Esse arco irá do Maranhão ao Sul do Pará, até Rondônia e Acre. Queremos criar a nossa versão do Great Green Wall.
Mas tudo tem que ser ao mesmo tempo. Enquanto se constroem mecanismos para restaurar a floresta ou evitar o desmatamento — nossa principal fonte de emissão — é preciso reconstruir o Rio Grande do Sul, assim que o estado sair da situação emergencial.
Empresários querem financiamentos, mas não têm garantias, porque perderam máquinas, equipamentos, a própria empresa, e em geral, têm funcionários desabrigados. Como dar garantia numa situação assim? É por isso que foi feito o aporte no Fundo Garantidor. Mas agora estão sendo montadas linhas de crédito para empréstimos para empresas gaúchas, ou financiamento do setor público que terá que refazer escolas, hospitais, estradas.
Quanto custará tudo isso? Muito mais do que teria custado investir em prevenção. Quem investe hoje no combate à mudança climática, em todas as áreas, economiza um gasto muito maior no futuro.
(Com Ana Carolina Diniz)
Fonte: O GLOBO
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